sábado, 13 de novembro de 2021

Currículo de uma mulher

 2007

Participo pela primeira vez do Campus Party aos  42 anos. Enquanto preparo a janta, faço uma imagem no PowerPoint, gravo como jpg e envio rapidamente para um Concurso Cultural. Ela foi escolhida. Ganho uma passagem com direito a acompanhante para ir para Valência - Espanha, participar do Campus Party. Convido meu marido para ir comigo, mas ele não quis, então meu filho de 13 me acompanha. Todos acham que ele é o menino prodígio e eu  a mãe alheia às tecnologias... "deixa quieto". É difícil para as pessoas entenderem  essa lógica.

2008, 2009, 2010

4 anos consecutivos acampando, aprendendo, compartilhando com os dois filhos a tiracolo. Nesse tempo, tento entender a Campus Party e chego a conclusão de que ela é um grande código aberto, a começar pelos conteúdos. Nada de ambientes fechadinhos, com inscrições, certificações e com cara de escolinha. Aqui rola tudo ao mesmo tempo. É aquele barulhão, porque todos falam ao mesmo tempo, como se fosse uma grande Babel e são várias línguas: inglês, espanhol, português, linguagem do  desenvolvimento, da robótica, do sofware livre,das mídias sociais e por aí afora. E o povo ouvindo, gravando, fotografando, anotando em seus notebooks, caderninhos, celulares, twittando. Essa é a diversidade campuseira. E prá quem está acostumado a viajar com pacotes turísticos, onde tem um guia turístico e sempre uma van esperando pra te conduzir - esqueça -  isso não é Campus Party. Eu assemelho Campus Party àquele mochilão que você tem que fazer roteiros e pesquisas e descobrir um jeito peculiar de fazer as coisas. E eu curto demais tudo isso e foi bom porque meus filhos também passaram nesse estágio de autonomia de aprendizado.

2017

10 anos se passaram da primeira vez que pisei no Campos Party.  52 anos. Sou convidada a dar aulas de robótica em substituição as minhas aulas de cultura digital.  Era isso, ou em breve  seria substituída.  Sim... medo, frio na barriga,  será que ainda tá em tempo de aprender algo novo? mas a gente vai com medo mesmo.  Aprendo rapidamente a mexer em motores, sensores, programação, mais precisamente em 4 horas de treinamento. É um super desafio, mas dá tudo certo. E por falar em desafios, nesse mesmo ano, completo 25 anos de casada e para comemorar, faço um mochilão para Estados Unidos e Canadá com as amigas deixando o marido em casa, que morre de medo dessas aventuras. Lembro das condicionais na programação: marido vai? Se sim, ótimo. Se não, vou sem ele mesmo. Detalhe: Mesmo com um inglês pra lá de precário, inventei um  roteiro que acho que nunca ninguém fez, comprei passagens, fiz reservas de hotel/hostel e deu tudo certo. 


2020

Tenho 55 anos e dois empregos: Ong e escola particular. Preparar material específico para cultura digital e robótica  em meio a pandemia, para os dois lugares foi insano, pois envolve a viabilidade técnica. Sem contar que tem casa e comida para higienizar, marido, filho em home office e muita comidinha para fazer.  Escrevo uma história em 10 capítulos chamada LifeNote para meus alunos da Ong, ressuscito o blog, crio missões e trabalho o mesmo projeto na escola particular, porém dentro de outra realidade e insiro simulador de robótica portal de programação. Gravo dezenas de vídeo aulas. Roteiros, etc...  Sigo extenuada até o final do ano e tomo um decisão de que não quero me manter nos dois empregos.  


2021 

A pandemia não acaba,  e antes que tenha uma overdose tecnológica, resolvo abrir mão de um dos meus empregos,  começando o ano com o meu pedido de demissão na escola particular onde trabalhei por 10 anos. Mantenho-me na Ong com a cultura digital, mas me convido para assumir o  projeto de hidroponia, na cara e na coragem. Faço cursos sobre soluções nutritivas e hidroponia.   Nesse interim, meu filho compra uma máquina de café e eu olho para aquelas cápsulas, e fico pensando no meio ambiente, no descarte. E vou testando formulações, método kratly, cápsulas, caixas de leite, espumas fenólicas, sementes.  E não é que deu certo? Hortas em caixa de leite. Implanto o método, e agora além das aulas robótica e programação, também  dou capacitação em hidroponia virando também a "professora do alface". Nesse mesmo ano, lanço pela Amazon o  livro  "Desconstrução" (https://amz.onl/eeQkQeG) onde relato minha experiência de ser  uma mãe  evangélica tradicional que  sai do armário da religiosidade para receber em amor meu filho gay, pois essa homofobia vivida no nosso país tem me tirado o sono. 

 Certa vez a Campus Party adotou a  hashtag #Somethingbetter, onde  devemos procurar extrair da vida o que ela tem de melhor e também melhorar a vida de outras pessoas é por isso que sigo  buscando coisas novas, aprendizados, compartilhamentos, enfim, viver sem medo e com leveza, independente da idade, porque lugar de mulher é onde ela quer estar.

#somethingbetter


 





quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Vamos campusar?

É uma coisa meio louca esse lance de Campus Party. Ou você ama, ou você odeia, ou você fica meio com cara de cachorro em dia de mudança, porque ela foge do sistema convencional de um grande evento tecnológico onde você fica esperando expositores engravatados ou mocinhas com cara de modelo demonstrando um determinado produto. Aqui até tem isso. É lá na área de exposições, mas isso não é Campus Party. A Campus Party acontece aqui dentro e em termos de tecnologia aqui tem de tudo. É uma diversidade tecnológica muito grande, sem contar nas filas imensas até pra beber água(essa é nova nesse ano). Mas porque aqui dentro não existe um modelo, a começar pelos conteúdos. Não são em ambientes fechadinhos, com inscrições, certificações e com cara de escolinha. Aqui rola tudo ao mesmo tempo. Sim. E é aquele barulhão, porque todos falam ao mesmo tempo, como se fosse uma grande Babel e são várias línguas: desenvolvimento, robótica, sofware livre, mídias sociais e por aí afora. E o povo ouvindo, anotando em seus notebooks, caderninhos, iphone, twittando. Essa é a diversidade campuseira. E prá quem está acostumado a viajar com pacotes turísticos, onde tem um guia turístico apresentando tudo e tem sempre uma van esperando pra te levar nos lugares mais top do passeio, esquece. Isso não é Campus Party. Eu assemelho Campus Party àquele mochilão que você tem que ficar pesquisando, procurando um lugar
que se enquadre com seu perfil e sei lá... ir descobrindo as coisas. Parece assustador a princípio, mas depois você acaba gostando e querendo mais e mais. É meio viciante, e acho que é por isso que acompanho e quase sempre acampo nesse evento desde 2007. Tá duvidando? Veja os tópicos antigos desse blog.\ooooooooooooooooooo/ Mas, e você? Como é o seu Campus Party? Com certeza é diferente, então compartilha aí com a gente, vai?

sábado, 10 de abril de 2010

4 anos de Campus Party


Puxa... É difícil eu postar nesse blog quando estou em casa... hehehe... Só posto quando estou no Campus Party. Abri minha gaveta, e deparei com meus crachás. Bateu saudades... 04 anos consecutivos de CP...

sábado, 30 de janeiro de 2010

Momentos Campus Party 2010

Esse foi meu record... fazer um videozinho em 8 minutos. Nem deu tempo de escrever nada ou colocar uma musiquinha, nem vou postar no youtube, vai diretão por aqui.

Na verdade, queria por aqui alguns momentos Campus Party bem rapidinho.

São 12:58... Ufa... Deu tempo... agora vou ao momento telefônica e libero o pc pro Dedé usar. hehehe

Campus Party 2010 - olha eu aqui outra vez!

Nesse ano procurei participar de muitas palestras e extrair conteúdos que possam ser utilizados no decorrer do ano. Campus Party é um evento único e o seu formato é livre. Você molda de acordo com a sua necessidade. À noite é pura party, com direito a gritos, cornetas, fresby de mouse pad, e por aí afora. No primeiro dia não consegui dormir. Virei zumbi e fiquei meio que vagando pelos conteúdos. No segundo dia apaguei legal e virei pedra na minha barraca azul e estava inteirona para aquilo que me propus. E assim foram nos demais dias. A mídia disse que Campus Party é uma grande feira tecnológica e sou obrigada a discordar. É um evento formado de pessoas que pensam e que são livres para escolher a sua party. Então você vai encontrar aqui de tudo. Uma legião de meninos e meninas que gostam de jogar, brincar, navegar, baixar, desenvolver, nesse meio tem os nerds, hackers, geeks. Encontrará também uma legião de jornalistas atrás de políticos, celebridades e euzinha... uma educadora atrás de conteúdos que enriquecam a minha forma de educar. Nesse ano encontrei muito conteúdo legal para mim. Foi o ano mais rico de conteúdo nessa área. Parabéns CP por essa visão de colaborar com a educação.

Olha só de quantas palestras extraí um pouquinho de conteúdo.

1)Mobilidade e dispositivos móveis: o futuro da internet? pude ver o que está rolando em mobile. Grana curta, não dá pra comprar tudo... só participando e sentindo um gostinho.

2)Kevin Mitnick - A Arte de Enganar: Aguardei ansiosamente por esse momento e não fiquei decepcionada. É muito gostoso entender o que se passa na cabeça de um hacker e conhecer sua forma e mecanismos de atuação. O cara é muito bom.

3) Participei todos os dias do Campus Forum. Confesso que não fiquei fulltime em todas as discussões, mas foi legal conhecer pessoas envolvidas no marco civil, direitos humanos, copyright.

4) Scott Goodstein - estragista de campanha de Obama. Muito legal ver as ferramentas sendo usadas na política e logo minha cabecinha já começa imaginar tudo isso sendo também sendo aproveitado pelo professor, pela escola, pelo aluno.

5) Realidade aumentada. Tem coisas que a gente se apaixona e quer fazer igual. Comigo aconteceu em 2000 quando vi o flash sendo usado pela primeira vez em animações. 10 anos se passaram e agora vem a realidade aumentada. Eu quero aprender a fazer isso... ehehe... Não sei se vou conseguir, mas onde tinha palestra sobre realidade aumentada, lá estava eu...

6) Gerações Interativas - uso responsável das Telas Digitais. Quer algo mais educativo que isso? Foi hiper legal ver o trabalho do pessoal da cultura, educarede e no dia seguinte algo semelhante com depoimentos do Educarede e o projeto Minha Terra. Encantei-me com esse grupo. Até mesmo com o secretário da educação de SP que estava na mesa, achei-o muito simples e bem plugado.

7) HTML5 -opa... Olha eu tentando ver o que está acontecendo com a evolução do nosso querido html.

8)Marcos Galperin criador do Mercado Livre, da garagem para a democratização do comércio on-line. O cara é muito bom e sua apresentação foi algo tão família que fiquei impressionada, quebrou muitos padrões. E isso é internet... algo muito revolucionário, porque não existe um grande "chefe", mas ela funciona de modo horizontal e o mercado livre é prova disso. O produtor contacta direto com o comprador. Não existe atravessador. E percebi isso também em uma das palestras sobre diretos autorais e a grande briga das gravadores, porque elas tem perdido terreno com a internet.

9) Marcelo Tas - ele é uma figura. Uma das historinhas que ele contou quando foi pros Estados Unidos em 1988 e se deparou com a internet, email e ficou fascinado. Voltou para o Brasil e contou com muita paixão para o seu amigo que se encantou e que promoveu um encontro com o seu chefe para compartilhar sua experiência. Lá foi Marcelo Tas para esse almoço e tal chefe, que ouviu e não mostrou nenhum interesse. E que depois encontrou-se com o funcionario e foi logo dizendo: - Nunca mais mande seus amigos maconheiros para falar comigo! Isso me faz lembrar do Piratas do Vale do Silício em um momento que Jobs apresenta o seu computador pessoal para um grande diretor de uma empresa de informática (se não me engano foi a IBM) e ele diz: - Ué? Quem vai querer usar computador em casa?

10) Eu tinha ido um dia para ver um conteúdo sobre piadas e acabei ficando com sono e parei no meio do caminho... pensei que aconteceria um verdadeiro bocejar no de celebridades. Ledo engano. A Rosana é uma figura. Virei fã dela. Ela é lúdica e engraçada. A Marimoon, uma simpatia e por aí afora, todos que participaram da mesa. Realmente foi divertido participar desse debate. Ri muito, foi o que mais ri de todos os encontros.

11) Até de videoconferencia eu participei. Frederico Casalegno,pesquisador, cientista social, também tem uma visão muito ampla na área educativa. Um dos que estavam na mesa disse: - um dia, meu pai estava com uma dúvida e me perguntou e rapidamente eu fui pro Google. E é isso... Dúvidas, vai para o Google mesmo. Use, abuse e acima de tudo troque conhecimento, porque é assim que é o mecanismo web. Não existe um detentor de conhecimento, mas a web é feita por nós.

12) Até palestra de design com software livre eu participei e pude conhecer algumas ferramentas nessa área.

E hoje é sábado dia de partir, ma antes quero participar de mais algumas coisitas. Não sei se alguém vai ler esse blog, mas essa é a minha forma de deixar registrado os momentos que passei aqui na CP Party e que não gostaria que se perdessem nas folhas de minha cadernetinha, pois meu Asus EE me deixou na mão, mas o celular não... E depois eu posto algumas fotinhas...

Até 2011 - Será que irei participar???

sábado, 24 de janeiro de 2009

Despedindo do Campus Party


Circulo preguiçosamente pela área de barracas. Penso em dar o meu último clic, mas a bateria acabou. Não... não é a bateria da câmera, mas a minha bateria. E essa não dá para ser recarregada na tomada, mas na minha doce casinha, com meu chuveiro, minha cama e meu cobertor.
Aportei aqui na segunda-feira. A semana passou rapidamente. Nesse período, ouvi dezenas de palestras, participei de entrevistas, visitei stands, ganhei brindes, baixei arquivos, naveguei, joguei e bloguei. Aliás, ganhei o título de mamãe blogueira na mídia.
Enquanto caminho, observo um índio retocando sua pintura e um africano dando entrevista na Cultura - essa é uma pequena centelha da diversidade cultural que a internet acolhe. Ainda no palco, rola uma apresentação de robótica. Dou uma rápida vislumbrada no cenário e avisto vários telões com conteúdos de palestra e de twitter. É gente nos pufs com seus notebooks, gente nas bancadas baixando, programando, jogando, vibrando, gritando, ouvindo música. Gente com gente conversando e rindo. De vez enquanto uma luz brilha nesse espaço - são flash registrando gente que comporão uma matéria na mídia, um álbum no orkut, um espaço no flirck, myspace ou um vídeo no youtube. E é assim que a internet é povoada - por esse tipo de gente e geeks.
E eu me despeço por aqui nesse Campus Party 2009.
Até 2010.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Inclusão Digital e Mobilização Social


Ontem ouvi alguns pedaços do debate sobre Inclusão Digital e Mobilização Social. Participaram Lobão e Rogério da Costa. Gostaria de ter participado na íntegra, mas não foi possível. Mais uma vez o professor foi o culpado pelo analfabetismo digital (já ouvi algumas dezenas de vezes isso). Aliás, a sociedade está sempre a procura do bode expiatório para suas frustações em algumas áreas, mas penso que o principal fator não é o professor, mas a falência da família. Sou mãe e estou aqui no CP com meus dois filhos. Sou a mãe blogueira, e daí? Sou também professora. Há 10 anos trabalho como professora de informática educativa e criativa. Há 10 anos instigo meus alunos a pensar, a criar, a produzir. Há 10 anos os ensino sobre ética, segurança no computador. Há dez anos que lhes conto a história do computador e da internet. Eles blogam, fazem vídeos, comentam artigos de jornal, vão a museu de tecnologia. Também fazem planilhas, aprendem a pesquisar no Google e formatar em word, fazem apresentações em Power Point, inclusive criam quiz sobre matérias que estão aprendendo em sala de aula, pra não apenas recortar e colar, mas criar. Usam o orkut, msn e youtube nas aulas também. Aliás, dinamismo é o que não falta nas minhas aulas. Tenho um site onde posto as atividades e no final de semana, tem em torno de 30 a 50 visitas dos próprios alunos. Eles levam a escola pra casa. Quando propus isso para as universidades sobre incluir algo sobre informática educativa nas escolas, não obtive retorno (nem sei se abrem email - talvez as universidades precisem ser inclusas digitalmente para melhorar seus cursos de pedagogia). Sempre que falo sobre a informática educativa, o pessoal dá uma torcida no nariz e acham mais fácil simplesmente botar a culpa no professor de classe. Parem de culpar o professor. Pense que a família é que está falida e que os problemas que temos na sala são por causa de famílias desestruturas. Se a família for a parceira do professor, pode ter certeza que isso deslancha. Pais não deixem seus filhos órfãos digitalmente, mas participem com ele - ENSINE O MENINO NO CAMINHO QUE DEVE ANDAR. Ensino é andar junto - vida de exemplo. Não de filtros, invasão de privacidade, mas ensino bom. Daí o menino vai andar bem na sociedade real e digital.
pra quem quiser visitar meu blog sobre informatica educativa: http://www.freewebs.com/linolica/